verdeazul
O Museu de Arte Contemporânea do Paraná tem a honra de apresentar a exposição “verdeazul”, de Dulce Osinski. A proposta de realizar esta exposição vem de longa data, suscitando um contínuo diálogo entre a artista e a instituição. Em 2013, Dulce Osinski doou para a coleção do museu um grande conjunto de suas obras, que hoje somam mais de cinquenta peças em acervo.
Sua relação com o MAC Paraná se iniciou na década de 1980. Dulce participou de sete edições do Salão Paranaense, sendo premiada em 1990 (47ª edição), ano em que realizou sua primeira individual no MAC, intitulada “Retratos de família”, uma exposição que marca a trajetória da artista. Sua atividade como docente também a aproximou do MAC: temos em nossos registros a realização de diversas oficinas e eventos com a participação da artista e de seus alunos.
Assim, desse diálogo extenso com a instituição e com o curador Benedito Costa Neto, nasceu esta exposição, que abrange a produção mais recente da artista, entre pinturas, gravuras e aquarelas produzidas entre 2008 e 2021. Esta exposição é acompanhada de uma segunda, realizada na Sala Adalice Araújo, onde o público pode conhecer as obras de Dulce Osinski que fazem parte da coleção do MAC Paraná.
Ana Rocha
między niebieskim a zielonym (entre o azul e o verde)
A humanidade demorou séculos para ver o mundo de cima. Houve, claro, pirâmides, templos, montanhas. Mas muito, muito depois, balões, aviões e, mais tarde ainda, satélites e máquinas que podiam registrar com precisão detalhes antes imperceptíveis.
Talvez tenhamos sonhado com o olhar das aves, a altura do seu voo e a precisão do seu ataque. E hoje podemos ver os rios serpenteando como áspides, as montanhas como doces decorados e as florestas como tapetes inconstantes. Ver o mundo de cima nos dá sensação de sermos deuses. Nossos mapas carregam o desejo do domínio dos espaços.
E o contrário ocorreu: podemos cada vez mais ver o pequeno, o ínfimo, visitar aquilo que o olho não vê.
Outra certeza que nos tira o sono é não sermos esse anjo ao lado. O Anjo, atirado de costas, pela rebeldia, estende seu olhar do futuro para o passado e nós fazemos o inverso, nessa ironia ou incógnita entre uma sombra e outra a que chamamos vida.
Maravilhada, curiosa ou encantada por essas questões, Dulce Osinski nos apresenta essa paisagem em azul e verde, a partir do olhar desse anjo, a partir do alto e a partir do pequeno. Temos aqui, então, a ampulheta, a luneta e a lupa.
Das séries anteriores sobre objetos (gaiolas, brinquedos infantis), Osinski segue agora para uma investigação sobre uma das grandes utopias da modernidade: a própria natureza. Ela redescobre azuis e verdes, em diferentes técnicas. Como esse anjo da História, flutua por rios e mares, florestas e jardins, sobre vazios plenos de coisas e detalhes que por vezes não paramos para apreciar. Há aí, também, uma memória afetiva, a de atravessar mares e descobrir novos portos.
Artista com algumas décadas de produção, apresenta aqui sua incansável busca por perscrutar memória, tempo, objeto, o deserto. Mas se trata do deserto a ser enfrentado, repleto de mistérios e possibilidades. O deserto que nos atira para nós mesmos e o Outro.
Benedito Costa Neto
FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO
Artista
Artist
Dulce Osinski
Curadoria
Curatorship
Benedito Costa Neto
Projeto Expositivo
Exhibition design
Gabriela Casagrande
Montagem
Setting up
Juliano Carneiro
Diogo Duda
Identidade visual
Visual Identity
Rita Solieri Brandt
Paulo Zottino
Registro Fotográfico
Photography
Kraw Penas
Ricardo Carneiro